domingo, 13 de setembro de 2009

Era uma ilha

Era uma ilha, uma ilha tão pequena que pode caber dentro de uma pessoa, e essa pessoa sou eu, uma ilha onde nunca nenhum ser humano tocara antes, uma ilha alegre, onde o dia nasce cheio de luz e, à hora crepuscular, o sol afunda-se num mar azul e brilhante. Era uma ilha onde as tardes de Verão são belas mas quentes. Nessa ilha, observo as estrelas durante a noite, é um espectáculo que ninguém me pode tirar; observar as estrelas é como observar pequenos pontos de luz na escuridão. E quando olho para o céu, é como olhar para o infinito, para um lugar distante. É nessa ilha que muitas vezes estou, quando andam à minha procura e não me encontram, é lá que estou. Não sei exactamente a sua localização, mas, quando quero fugir de tudo e de todos, apareço nessa ilha, e os meus problemas desaparecem, adoro estar nessa ilha, pois foi o lugar que criei para sonhar e estar. Era uma ilha tão pequena que cabe dentro de mim.
Era uma ilha, uma ilha tão grande que eu não caibo lá, uma ilha cinzenta, onde vivem muitas pessoas, uma ilha barulhenta, escura, artificial, contaminada, e fria. Cheia de casas, prédios, carros, fábricas, e lixeiras, um lugar repugnante, e triste, onde quase não existe Natureza e onde reina a desordem. Nessa ilha, não há árvores, os rios estão poluídos, e o mar está contaminado, cheio de lixo e de produtos tóxicos. Nesta ilha reina o desperdício e o consumo exagerado, um sítio triste, onde não há sorrisos nem crianças alegres. Dessa ilha não gosto, pois não tem aquilo que mais adoro, não tem Natureza. Foi a metáfora que criei, sobre as coisas que considero más do mundo. Era uma ilha tão grande que eu nunca poderei lá caber.

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