sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Os reinos 23

Capítulo 23:
«Já tenho o seu rapaz, meu amo! Tive de resolver um problema, pois o jovem estava acompanhado por um velho, mas já tratei de tudo. Meu amo, qual a minha próxima missão?» disse um lacaio - sem receber resposta, retirou-se. O malvado homem aproximou-se do rapaz e depois com um movimento brusco agarrou-o, virou-se para trás e de seguida exclamou: «Serve.» Num estalar de dedos, dois homens entraram e levaram o pobre coitado para as masmorras.
Entretanto os nossos heróis encontravam-se escondidos numas grutas perto do rio, o feiticeiro achara melhor passarem lá a noite, pois temia que aquele vulto fosse uma ameaça para todos eles.
Já era noite, todos dormiam excepto o feiticeiro, este pegou numa folha de papel e escrevinhou algumas frases, caracteres estranhos e difíceis de perceber iam-se acumulando formando palavras, frases e parágrafos. Parou de escrever, depois colocou o papel ao pé do seu melhor amigo e saiu da gruta, mas para onde terá ido?

Continua...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Os Reinos 22

Capítulo 22:
O feiticeiro tirou o mapa da sua algibeira, de seguida abriu-o. Ficou a olhar para ele durante algumas horas. Depois de chamar todos explicou muito feliz: «Descobri como sair da floresta!» e apontado para o mapa continuou: «Vêem?! Há um caminho ao longo deste rio, depois passamos pelas grutas e no final só temos de entrar nesta faixa onde julgo haver uma aldeia. Lá podemos reabastecer-nos e continuar, depois só falta passar por esta cadeia montanhosa e assim poderemos prosseguir o nosso caminho! O que acham?» Todos estavam muito entusiasmados, excepto o pai do rapazinho: «Não haverá outro caminho? Este parece-me muito longo e difícil!» O feiticeiro ficou um pouco irritado, mas quem falou foi a mulher: «Ouve lá, tu não deves fazer a mínima ideia de como é isto aqui! Dizias que eu era fraca, pois bem, o fraco és tu! Comparado com todos os outros caminhos, este é o mais seguro, é um caminho fácil comparado com todos os outros! Percebes ou não?» O rapaz ficou embaraçado, depois baixou a cabeça e pediu desculpa ao feiticeiro.
No dia seguinte todos estavam prontos, partiram seguindo o caminho proposto pelo feiticeiro. Rapidamente chegaram ao rio, pois já conheciam aquele caminho, estavam habituados a ir lá buscar água.
Quando chegaram ao rio ainda era madrugada por isso ainda tinham muito tempo para caminhar. Durante o caminho, a mulher e o rapaz começaram a conversar: «Peço desculpa por te ter tratado tão mal! Não queria mas, ás vezes irrito-me, quando alguém diz ou faz algo errado. Esqueço-me que ninguém é perfeito!» O jovem não disse nada, mas deu a entender que tinha percebido o que ela lhe dissera. Mas a calma foi interrompida pela criança que chamou apenas o feiticeiro dizendo-lhe: «Passa-se algo de estranho comigo! Estou a ver um estranho vulto negro, sinto o perigo e cheira-me a sangue!» o feiticeiro ficou preocupado e disse a todos para estarem alerta.

Contimua...

domingo, 18 de outubro de 2009

Os reinos 21

Capítulo 21:
Um homem todo vestido de preto, sem rosto, não era humano, nem tinha alma. Era uma criatura fria e cruel, era um senhor da guerra muito poderoso e rico que podia tomar a forma de qualquer outro ser. Podia evocar muitos males, espíritos e criaturas das trevas. Podia matar e até roubar almas. E era esse o seu objectivo, encontrar uma alma que fosse digna da sua pessoa, uma alma tão pura e transparente que poderia assentar a qualquer um, o seu problema é que ainda não tinha conseguido encontrar nenhuma alma assim, pois apenas um ser humano possuía uma alma como esta, e o malvado senhor das trevas ainda não conseguira descobrir esse humano, mas achava que mais tarde ou mais cedo, iria descobri-lo. O homem de preto, já há muitos séculos que a procurava... por vezes chegava a pensar que o seu destino seria passar toda a eternidade a viajar de mundo em mundo em busca da sua preciosa alma, mas agora ele já a tinha farejado, agora restava-lhe saber quem era o dono dela.
Entretanto o velho continuava parado naquele caminho, sem saber do seu neto, o seu burro já começara a enfraquecer devido à fome. Ele tinha de voltar, mas estava preocupado com o neto. Levantou-se e começou a caminhar, mas ouviu algo atrás de si, virou-se e o que viu deixou-o aterrorizado: era um ladrão. Enquanto o misterioso homem tinha um punhal, o velho não tinha nada, por isso ajoelhou-se e suplicou para que ele não lhe fizesse mal. O ladrão não reagiu, pegou no punhal e ergueu-o sobre as costas do velho que gritava por piedade, de seguida, sem dizer nada, espetou-lhe a faca costas, velho deu um gemido e depois caiu no chão, estava morto…

Continua...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Os reinos 20

Capítulo 20:
Um velho homem caminhava pela estrada acompanhado pelo seu burro de estimação e pelo seu neto. Ambos caminhavam calados em direcção ao pôr do sol, mas o neto virou-se para o homem e diz-lhe: «Estou exausto, não podemos parar para descansar? Desde que partimos para o Reino de Edren, tudo tem sido muito difícil! Eu estou cheio de fome e de sede. Por favor, podemos parar?» O homem vira-se para o neto, depois dá-lhe um estalo na cara , exclamando: «Estás louco? Não podemos parar, queres morrer de fome, temos de chegar à aldeia escondida para nos podermos alimentar e beber água, tem de ser, tenho muita pena, mas tem de ser!» O rapazinho não disse nada, continuou a caminhar um pouco amuado. Deixou-se ficar alguns metros atrás do homem, mas de repente, o homem ouviu um grito e de seguida um silencio de cortar a respiração. Desconfiado, virou-se para trás e... o rapazinho tinha desaparecido. O homem sentiu-se um pouco em pânico e depois começou a gritar pelo seu neto: «Rapazinho! Onde te meteste seu mandrião? Se andas a fugir de mim, vais-te arrepender muito, se não chegarmos à aldeia escondida antes do anoitecer vamos perder-nos, é melhor que venhas já para aqui!» Como não teve resposta, sentou-se no chão, estava cansado e desorientado, sentado não sabia o que fazer, o que ia ser da sua vida. Parou para pensar melhor no que fazer, decidiu acampar ali e rezar para que o rapaz voltasse, mas essa decisão foi um erro, corria muito perigo...

Continua...

sábado, 10 de outubro de 2009

Os reinos 19

Capítulo 19:
Caminhando pela floresta, os cinco amigos procuravam alimento e madeira, pois queriam aquecer-se e cozinhar os alimentos.
Depois de procurarem durante várias horas, acabaram por ficar cansados e decidiram voltar para o acampamento que haviam montado. Com o material que encontraram, decidiram começar a preparar a fogueira, pois era uma coisa que exigia muita paciência e muito tempo. Enquanto o jovem preparava a fogueira, o feiticeiro olhava o céu, pensando em como tudo no mundo se formava: pensava na sua filosofia e pensava na vida de todos eles. De repente, o feiticeiro abre os braços e dá um grito. Todos correm para ele e todos perguntam o que se passa. O feiticeiro tinha acabado de ter um sonho, e como todos os sonhos que tinha, este tinha um significado. Mas qual seria? Ele tinha visto algo muito estranho, algo que o tocara. Ele tinha visto um corpo, um corpo imóvel que pairava, pairava no vazio. Quem seria a pessoa que pairava? Por que estava ali? Que significado poderia ter aquela visão? Estas eram as perguntas que todos faziam, e como não conheciam bem aquilo e o desconhecido é tão assustador, todos ficaram preocupados. Não havia dúvidas de que era estranho.
O feiticeiro virou-se para os seus amigos e depois disse-lhes num tom de voz assustado: «Não pensem mais no assunto, vão esquecer tudo isto, pelo menos por enquanto. Apenas eu me vou concentrar em descobrir o que se passa, pode ser falso alarme, mas isto não me cheira nada bem.»
O tempo passou, e como às vezes o tempo passa tão depressa que nem o vemos passar, anoiteceu. Agora o frio era muito, o vento soprava, um vento gelado e tão forte que quase se sentia o corpo congelar. O rapaz tentava acender a fogueira, mas o vento apagava-a, eles não iam poder ficar na floresta por muito mais tempo, por isso, combinara partir no dia seguinte, para procurar a saída da floresta, que naquele momento era como um labirinto sem fim.

Continua...

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Os reinos 18

Capítulo 18:
Os quatro amigos seguiram viagem. A mulher, que era rainha daquele mundo, estava agora disfarçada de aldeã, por isso o seu povo não a conhecia. Passaram por várias aldeias para se abastecerem de alimento e de água, mas agora estava na altura de entrar na floresta sagrada.
Por mata adentro, sempre com atenção ao caminho para não se perderem, foram seguindo as indicações da mulher e do feiticeiro, mas quando começou a escurecer... perderam-se , tiveram de dormir ao relento. Agora era noite serrada, todos dormiam menos o rapazinho e o feiticeiro. Começaram a ouvir-se lobos a uivar, o feiticeiro não reagiu, mas o menino, sem fazer barulho, pegou na espada e devagar afastou-se um pouco dos outros. De repente, ouviu o som de algum lobo a preparar-se para atacar. Com cuidado e também com algum receio, aproximou-se e tentou espetar a espada no dorso do lobo, falhou, e como falhou, o lobo logo se atirou a ele. A criança aterrorizada, tentou defender-se mas logo apareceram mais dois lobos. O miúdo arranjou coragem e, em vez de gritar, deu um murro no lobo, de seguida, aplicou um golpe com a espada matando-o. Um dos outros dois logos fugiu, mas o outro começou a rosnar , o menino perdeu a coragem, arrependeu-se de matar o outro lobo, e em vez de matar este, olhou para ele nos olhos e depois começou a fazer festas no seu pêlo. O lobo continuou a rosnar, mas depois percebeu que o rapazinho não era uma ameaça. O menino foi simpatizando com o lobo e o lobo com o menino, os dois tornaram-se amigos. Agora o lobo pertencia à equipa.
De manhã, todos acordara assim que o sol nasceu, o pai, quando viu o lobo gritou: «cuidado filho, esta um lobo atrás de ti!». O menino sem preocupação explicou ao pai que o lobo era seu amigo. Passado algum tempo, a jovem reparou que a pele da criança já não estava branca, o feiticeiro, levantou-se e explicou: «A pele do menino já não está branca porque ele, ontem à noite matou um lobo, ao matar esse lobo não só provou a sua coragem como também deixou de ser inocente, já é um homem a sério!». Todos ficaram surpreendidos e depois o rapaz fez uma pergunta: «Porque não ajudaste o meu filho? E como sabes tudo isso?». O feiticeiro respondeu apenas que fizera o que devia, e que apenas quisera pôr à prova a coragem do menino. O rapaz acenou com a cabeça.
A mulher, passado algum tempo, trouxe alguma madeira. Com alguns troncos secos, tentaram construir um abrigo, pois quem se perdia na grande floresta sagrada, era raro conseguir sair, mas todos tinha esperança.

Continua...

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Os reinos 17

Capítulo 17:
Todos no reino de Hadam estavam felizes, o baile estava prestes a começar: as damas com os seus belos vestidos e os cavalheiros com seus fatos elegantes. O rei com um belo traje feito à medida pelo seu alfaiate real e com a sua capa de pele favorita que lhe assentava mesmo bem. O baile ia começar.
A mulher do jovem rapaz, foi ao baile com um velho vestido que pertencera à sua bisavó, era um vestido lindo, todo em cetim e com algumas rendas. Levou para o baile a velha mulher que, também estava bonita, com uma saia comprida e com a sua mais elegante blusa azul.
Todos se divertiam na festa, que por acaso estava muito animada, com música da época e com todos a dançar com o seu par, tudo estava a correr conforme o planeado.
O rei sentado num trono a olhar para as pessoas a dançar, ordenou que chamassem a velha. Logo a trouxeram à presença do rei que a convidou para valsar, ela aceitou um pouco embaraçada, os dois dançaram e tornaram-se mais próximos.

Continua...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Os reinos 16

Capítulo 16:
A pele da criança estava cada vez mais branca. No início o feiticeiro não se tinha mostrado muito preocupado, mas o caso estava a ficar cada vez mais grave, o rapaz também estava preocupado, apenas a mulher não estava, pois sabia o que se passava com ele. O feiticeiro perguntou-lhe o que fazer e ela explicou: «Ele ainda é muito novo, por isso está a transformar-se numa criatura que só existe neste mundo, todos os que ainda são pequenos, bebés e crianças, ainda não perderam a sua inocência de sangue, por isso transformam-se numa espécie de fantasmas, para que ninguém lhes possa fazer mal, ou seja, enquanto são puros, eles não morrem. Quer dizer, o nosso menino estará completamente protegido contra todos os males.»O feiticeiro continuou preocupado, pois nunca ouvira falar de tal coisa. Mas o rapaz sossegou-o, disse-lhe para não se preocupar, pois de certeza que ela sabia o que estava a dizer, ela conhecia aquele mundo, tão bem como a palma da sua mão.
Foram buscar os sacos, a viagem finalmente ia começar, montaram a cavalo, e os quatro partiram. Avançaram por entre as montanhas, mas de repente depararam-se com uma criatura estranha, e muito assustadora, era um Gliforus, que segundo a jovem, gostava de ver guerreiros a sofrer. Todos tinham de ter cuidado, o rapaz agarrou na sua brilhante espada, era a sua espada da sorte, avançou e espetou-a nas costas do monstro. Entretanto, a jovem pegou no seu arco e começou a atirar setas ao monstro que gemia e gritava de dor, o feiticeiro, pronunciando algumas palavras, pegou num bastão. Era uma espécie de varinha mágica, mas não como nos contos de fadas que conhecemos: aquela varinha controlava as tempestades, segundo a lenda, outrora havia pertencido a um Deus, um dos mais poderosos de sempre. O feiticeiro fechou os olhos e concentrou-se: algumas nuvens apareceram no céu, sem que o monstro se apercebesse, um trovão rompeu do céu caindo sobre ele. A batalha tinha terminado, ou pelo menos era o que eles pensavam…

Continua…

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Os reinos 15

Capítulo 15:
A bela mulher estava agora num maravilhoso prado verde, o feiticeiro combinara encontrar-se ali com ela depois de ir buscar o rapaz. Ela estava ansiosa para o conhecer e queria começar a viagem que salvaria o mundo.
Entretanto, o rapaz continuava confuso, doía-lhe a cabeça de tanto pensar, estava exausto. Começou a ouvir uma voz, uma voz vinda de longe... Ao mesmo tempo, ouvia-se um bebé a chamar: «Pai! Pai! Onde estás? Pai!» O rapaz ficou aliviado, e assim que eles o encontraram, contaram o que tinha acontecido e explicaram-lhe porque estava ali.
Quando chegaram ao prado, viram a mulher. Estava agora com uma roupa diferente, tinha vestido uma armadura feminina muito bonita, e tinha agora um saco às costas com algumas flechas e um arco. O rapaz ficou algum tempo a olhar para ela, admirado, depois disse: «Não podemos levar uma mulher na nossa viagem, as mulheres são fracas! Ela não vai conseguir acompanhar-nos!» O feiticeiro não disse nada, esperou que fosse ela a dizê-lo: «Desculpa, mas eu, eu não sou fraca, já combati com muitos homens, todos venci, já lutei contra muitos exércitos, nunca mais se ouviu falar deles, já fiz muitas viagens, tão ou mais longas e difíceis que esta que vamos fazer, e sobretudo, não gosto nada quando dizem que as mulheres são fracas!» O Rapaz não respondeu, apenas olhou para ela com um ar impressionado, nunca uma mulher ou homem lhe tinha falado assim.
O bebé, que já não era um bebé, era já uma criança, tornou-se muito amigo da mulher. A jovem tratava-o muito bem, e até lhe ofereceu uma armadura e uma espada. O menino vestiu-a e pegou na espada, depois com um ar sério disse: «Vamos lá salvar o mundo!»

Continua...

domingo, 4 de outubro de 2009

Os reinos 14

Capítulo 14:
O seu corpo era agora transparente, flutuava na água como uma bola de sabão. Estava num lago. De momento sentiu-se bastante leve e confortável, mas depois, olhou o horizonte e lembrou-se da sua missão. Tentou gritar, mas nada se ouvia, apenas se ouvia o som da água a correr. Deslocando-se pelo lago, procurou o feiticeiro, mas não o conseguiu ver, procurou o seu filho, mas também não o conseguiu ver. Tentou sair da água, mas não conseguiu.
Entretanto, o feiticeiro encontrava-se numa situação parecida, o seu corpo também era transparente, mas não se encontrava a flutuar sobre um lago, mas sim sobre uma nuvem. Flutuava no ar, conseguia sentir o ar fresco e ver o bonito azul do céu. Mas, ao contrário do rapaz, sabia onde estava e também o que fazer.
O bebé é que estava maravilhado, encontrava-se num palácio de cristal, todo transparente e muito delicado. O chão era escorregadio e o bebé gatinhava sobre ele, divertindo-se a deslizar. Enquanto ele estava entretido, uma mulher entrou no quarto sem que ele se apercebesse. Sentou-se no chão e ficou a observar. Essa mulher era muito bela. Tinha uns longos cabelos loiros que lhe tapavam o corpo, estava quase nua, pois o que tinha vestido era completamente transparente. Tinha uma bonita túnica lilás que lhe dava um ar tranquilo.
O feiticeiro, sobre a nuvem, procurou algo na sua algibeira. Tirou de lá uma pequena pedra verde, depois atirou-a ao ar e ela desapareceu. O feiticeiro procurou outra pedra, esta era vermelha, atirou-a também ao ar e ela tal como a outra desapareceu. Mal atirou uma terceira pedra amarela, desapareceu, e o feiticeiro também lentamente começou a desaparecer e apareceu no palácio de cristal.
«Estás aqui meu menino», disse o feiticeiro quando encontrou o bebé. O bebé estava com uma cor estranha, o feiticeiro que conhecia aquele lugar nunca tinha visto ninguém ficar assim. O bebé estava a ficar com a pele completamente branca. O feiticeiro pegou nele e disse-lhe: «Vá, vamos procurar o teu pai! E ver o que se passa contigo.», Só quando se virou reparou na mulher. Ficou surpreendido ao vê-la, ela disse: «Lembras-te de mim?», o feiticeiro lembrava-se dela e conhecia-a já há muitos anos. Tinha realizado uma missão com ela, mas ela nunca mais quis voltar para o nosso mundo, preferiu ficar naquele mundo para sempre, e agora encontraram-se, o feiticeiro começou a enchê-la de perguntas: «Como estás? Gostas de estar neste mundo? Como está a correr a tua vida?» a mulher respondeu-lhe: «Está tudo bem, agora sou rainha deste mundo, governo usando a minha sabedoria, como tu me ensinaste. Já aprendi muito sobre este mundo, muito mesmo! E ao contrário do que eu pensava, não senti saudades do vosso mundo, mas senti saudada tuas e do resto da equipa, das nossas aventuras, e como nos divertíamos todos, de mundo em mundo!» O feiticeiro teve uma longa conversa sobre tudo isso e contou-lhe porque estava ali, ela ouviu tudo e depois ofereceu-se para os ajudar a cumprir essa missão, pois ambos os mundos corriam perigo.

Continua...

sábado, 3 de outubro de 2009

Os reinos 13

Capítulo 13:
O grande dia chegou, estava na hora de entrar no portal, todos estavam calados. Agora, a casa do feiticeiro tinha desaparecido, no meio daquela floresta, só se via a estranha mancha. O feiticeiro estava com um ar muitíssimo sério e alarmante, de seguida começou a explicar o que iria acontecer. Quebrando o silencio disse: «Já sabem quem vai, aproximem-se!» O bebé imediatamente, saltou do colo da mãe, que o largou, avançou até junto do feiticeiro e do pai. O feiticeiro continuou: «Agora, vou distribuir colares de protecção. Estes colares servem para que vocês não envelheçam, lembrem-se que cada dia dentro deste mundo, equivale a um ano no nosso mundo. Dentro deste estranho universo, não se iria notar o vosso envelhecimento, mas quando voltássemos ao nosso mundo, sairíamos com um aspecto mais velho. Nunca se esqueçam que um dia lá equivale a um ano cá.»
O rapaz e o bebé despediram-se das duas mulheres e o rapaz prometeu voltar com o seu filho.
O velho feiticeiro distribuiu os colares e depois atirou-se para o portal sem avisar e sem dizer nada. O rapaz pegou na criança e atirou-se também. As duas mulheres ficaram a observar durante algum tempo, mas depois fizeram-se à estrada, voltaram para casa.

Continua...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Os Reinos 12

Capítulo 12:
Na gruta, o feiticeiro acendeu uma tocha e disse: «Agarrem-se aos ombros uns dos ouros para não se perderem». Todos obedeceram e com o feiticeiro à frente chegaram a uma sala: tinha um ar antigo e um pouco assustador. No centro tinha uma mesa redonda e cheia de pó. Sobre ela existiam bastantes velas cheias de teias de aranha. A toda a volta da sala, havia tochas que se acenderam quando eles entraram, era uma sala que fazia eco. A única coisa que se ouvia era o bebé a chorar. A mãe tentou acalmá-lo, ele calou-se e o feiticeiro disse: «Sentem-se todos e oiçam-me. Isto é um assunto extremamente importante.» Depois abriu um mapa feito à mão em cima da mesa e continuou: «Vamos em primeiro lugar decidir quem vai entrar comigo no portal.» A criança começou a ficar muito inquieta, a mãe tentou segurá-la, mas o bebé estava com uma estranha força, conseguiu saltar do colo da mãe e começou a gatinhar a uma velocidade muito estranha, nunca ninguém tinha visto um bebé daquela idade a fazer tal coisa. A mãe do bebé, teve um comportamento que não se esperava da sua parte, começou a rir e a chorar ao mesmo tempo, dizendo: «Eu tinha razão, eu já sabia que tu eras especial, eu já o dizia há muito tempo, quando tu nasceste eu disse-te!» Ninguém estava à espera e por isso todos ficaram admirados, menos o feiticeiro que já sabia de tudo. Depois do bebé acalmar, o feiticeiro continuou: «Bem, como eu estava a dizer, já escolhi quem vai comigo e quem fica. Eu quero que tu, meu rapaz, me acompanhes. Também vou levar o bebé, e não se preocupem, ele está em boas mãos.»
A velha é que não gostou muito da ideia do bebé ir, mas não disse nada, porque o feiticeiro sabia o que estava a fazer. No entanto a mãe encorajou o feiticeiro a levar o bebé.

Continua...

Os reinos 11

Capítulo 11:
O rei de Hadam não tirava da cabeça a velha que salvara, sentia que ela lhe pertencia. Para que ele a pudesse conhecer melhor, organizou uma festa, um baile, uma celebração em que todos podiam participar, pobres e ricos de todos os grandes reinos. Todos os reinos estavam bem, o que era motivo para celebrar. Convidou toda a gente, mas ordenou aos guardas que encontrassem o paradeiro da tal velhinha. Os guardas e os membros da corte começaram a achar esta história do rei e da velha muito estranha, pois o rei já não se apaixonava desde que a rainha tinha morrido num estranho acidente. Mas até ficaram contentes, porque o rei andava muito bem disposto.
Com tanta felicidade todo o povo estava bem e todos adoraram a ideia do rei.

Continua...

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Os reinos 10

Capitulo 10:
«Sim, é isso. Só mais uma pitada! Isto vai funcionar mesmo bem. Eu vou conseguir…» De repente os seus pensamentos foram interrompidos, o feiticeiro sentiu um arrepio e ouviu um respirar atrás dele. Ficou parado e não respondeu, nem se assustou. Um vulto negro estava atrás dele. O velho ficou parado quase um dia inteiro, mas, ao nascer do sol do dia seguinte, acabou por falar: «Quem és tu? O que estás aqui a fazer? És um amigo ou um inimigo? Responde-me, vá!» A figura não se moveu, por isso o velho, virou-se. O resultado foi não só estranho como assustador. Não estava ninguém atrás dele, ninguém nem nada, absolutamente nada. Nem a sua cama, nem a porta, nem a mobília, nem o chão, nem a parede. Não estava nada atrás dele. De momentos o feiticeiro pensou que estava louco, mas depois compreendeu o que se passava. Aterrorizado, percebeu que o portal que tinha dentro do armário, estava aberto, e que um dos mundos paralelos que conhecia estava a comer o nosso mundo. Estava aos poucos, a fazer o nosso mundo desaparecer.
Nesse dia, o rapaz estava em casa sem fazer nada, e combinou com a mulher irem fazer uma visita ao feiticeiro. Assim, a sua mãe poderia conhecê-lo, e ele podia ajudá-la a tratar das suas doenças, pois ela já era velhinha.
Nessa mesma tarde, fizeram-se à estrada. Quando chegaram, bateram à porta de madeira mas ninguém abriu. Bateram novamente, mas, não houve qualquer sinal de vida. O rapaz, espreitou por uma janela, mas não viu o feiticeiro. Viu apenas o nada, tudo dentro da casa, era uma mancha negra, parecia o céu à noite, mas sem estrelas. Era um espectáculo estranhíssimo, mas fascinante. O rapaz estava hipnotizado, mas a sua mãe desfez o transe: «O que foi? Ele está aí?» O rapaz, sem olhar para a mãe disse: «Ele não está em casa.» Ela não se convenceu, e espreitou pela janela. Quando ela viu o que se passava, algo lhe pareceu familiar. Não era a primeira vez que ela via uma coisa assim. Entrou em transe, e avançou até à porta. O rapaz seguiu-a, depois afastou-a do buraco escuro e desfez o transe, eles tinham que voltar para casa e o rapaz precisava de ver o que se passava e de salvar o seu amigo.
O rapaz trouxe a velha para junto da mulher e do filho e disse: «Vou lá ver o que se passa e vou buscar o meu melhor amigo, eu não o posso perder!» O rapaz, mal ditas estas palavras, nem parou para ouvir mais, avançou pela porta. De súbito, viu o feiticeiro encostado a uma parede, cercado pela estranha substância. O rapaz agarrou numa corda que trazia atada a cintura e com ela alcançou o feiticeiro que levou para o exterior da casa. De seguida o velho virou-se muito inquieto: «Obrigado, podias ter morrido, mas arriscaste a vida por mim, como é que eu te posso agradecer?» O rapaz não respondeu, mas depois de recuperar o folgo, olhou para a cara do feiticeiro e disse-lhe apenas: «Amor com amor se paga, como tu me ajudastes eu também te ajudei. Nós somos amigos!» Logo os dois se abraçaram.
O feiticeiro levou todos para uma clareira, para a tal gruta a fim de combinarem um plano para avançar pelo portal e salvar o nosso universo, o nosso planeta, o nosso mundo. Nada podia falhar.

Continua...