quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Os reinos 10

Capitulo 10:
«Sim, é isso. Só mais uma pitada! Isto vai funcionar mesmo bem. Eu vou conseguir…» De repente os seus pensamentos foram interrompidos, o feiticeiro sentiu um arrepio e ouviu um respirar atrás dele. Ficou parado e não respondeu, nem se assustou. Um vulto negro estava atrás dele. O velho ficou parado quase um dia inteiro, mas, ao nascer do sol do dia seguinte, acabou por falar: «Quem és tu? O que estás aqui a fazer? És um amigo ou um inimigo? Responde-me, vá!» A figura não se moveu, por isso o velho, virou-se. O resultado foi não só estranho como assustador. Não estava ninguém atrás dele, ninguém nem nada, absolutamente nada. Nem a sua cama, nem a porta, nem a mobília, nem o chão, nem a parede. Não estava nada atrás dele. De momentos o feiticeiro pensou que estava louco, mas depois compreendeu o que se passava. Aterrorizado, percebeu que o portal que tinha dentro do armário, estava aberto, e que um dos mundos paralelos que conhecia estava a comer o nosso mundo. Estava aos poucos, a fazer o nosso mundo desaparecer.
Nesse dia, o rapaz estava em casa sem fazer nada, e combinou com a mulher irem fazer uma visita ao feiticeiro. Assim, a sua mãe poderia conhecê-lo, e ele podia ajudá-la a tratar das suas doenças, pois ela já era velhinha.
Nessa mesma tarde, fizeram-se à estrada. Quando chegaram, bateram à porta de madeira mas ninguém abriu. Bateram novamente, mas, não houve qualquer sinal de vida. O rapaz, espreitou por uma janela, mas não viu o feiticeiro. Viu apenas o nada, tudo dentro da casa, era uma mancha negra, parecia o céu à noite, mas sem estrelas. Era um espectáculo estranhíssimo, mas fascinante. O rapaz estava hipnotizado, mas a sua mãe desfez o transe: «O que foi? Ele está aí?» O rapaz, sem olhar para a mãe disse: «Ele não está em casa.» Ela não se convenceu, e espreitou pela janela. Quando ela viu o que se passava, algo lhe pareceu familiar. Não era a primeira vez que ela via uma coisa assim. Entrou em transe, e avançou até à porta. O rapaz seguiu-a, depois afastou-a do buraco escuro e desfez o transe, eles tinham que voltar para casa e o rapaz precisava de ver o que se passava e de salvar o seu amigo.
O rapaz trouxe a velha para junto da mulher e do filho e disse: «Vou lá ver o que se passa e vou buscar o meu melhor amigo, eu não o posso perder!» O rapaz, mal ditas estas palavras, nem parou para ouvir mais, avançou pela porta. De súbito, viu o feiticeiro encostado a uma parede, cercado pela estranha substância. O rapaz agarrou numa corda que trazia atada a cintura e com ela alcançou o feiticeiro que levou para o exterior da casa. De seguida o velho virou-se muito inquieto: «Obrigado, podias ter morrido, mas arriscaste a vida por mim, como é que eu te posso agradecer?» O rapaz não respondeu, mas depois de recuperar o folgo, olhou para a cara do feiticeiro e disse-lhe apenas: «Amor com amor se paga, como tu me ajudastes eu também te ajudei. Nós somos amigos!» Logo os dois se abraçaram.
O feiticeiro levou todos para uma clareira, para a tal gruta a fim de combinarem um plano para avançar pelo portal e salvar o nosso universo, o nosso planeta, o nosso mundo. Nada podia falhar.

Continua...

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