terça-feira, 29 de setembro de 2009

Os reinos 8

Capítulo 8:
A velha, caída no chão, começou a acordar. Quando acordou, tinham-lhe roubado a carteira. Desesperada, cansada, dorida e cheia de fome, ela estava a morrer, ainda por cima já não tinha dinheiro. Estava perdida e assustada, não tinha nada nem ninguém. A velha estava tão deprimida que se desfez em lágrimas. Sentou-se, estava prestes a gritar, ou a pedir socorro, mas não conseguia. Estava cansada demais. Por momentos achou que viu a morte mas depois voltou a cair redonda no chão.
O rei de Hadam estava muito feliz, tal como o seu povo que agora, o adorava. Tinha recuperado as suas terras, tal como todos os outros reinos, e já não estava preocupado com o seu irmão, pois a noticia sobre a cura do feiticeiro, espalhou-se muito depressa. Para celebrar os tempos de paz que aí viriam, o rei foi passear pelo campo, no seu coche real. Pelo caminho o rei olhava pela janela, pensado em como poderia ser um rei ainda melhor, mas os seus pensamentos foram interrompidos: assustou-se porque viu uma mulher de idade caída no chão. Ordenou que parassem o coche, saiu lá de dentro e logo correu a ajudar a mulher. Não era uma acção muito típica do rei, mas aquela mulher tinha qualquer coisa que lhe parecia especial, tinha um brilho diferente. Ordenou aos guardas que pegassem nela e que a levassem para o palácio. Os guardas estranharam, mas tiveram de obedecer.
Quando a mulher acordou estava deitada numa cama toda banhada em ouro, num enorme e confortável quarto. Não estava sozinha, estava lá um homem com o cabelo loiro e com os olhos verdes como o mar, a olhar para ela. Dois criados trouxeram-lhe comida, ela comeu um pouco e depois perguntou: «Onde estou? Quem é o senhor? o que estou a fazer aqui?». O homem respondeu baixinho e com uma voz calma. «Eu sou médico, e estou a tratar de si. Não se preocupe, você só precisa de descansar, foi o rei que a ajudou!». A mulher pareceu surpreendida, depois olhou para o rapaz e pediu-lhe para dizer ao rei que estava muito agradecida. O jovem médico disse-lhe que ela própria ia ter hipóteses de lhe agradecer pessoalmente. A velha acenou com a cabeça e disse-lhe que assim que fosse possível, ela queria falar com o rei.
O rei entrou no quarto onde a velha estava, tinha adormecido. O médico que estava ao lado da cama sentado numa cadeira forrado com um tecido muito bonito, disse ao rei que ela já não precisava de cuidados médicos e que ela queria falar com ele. O rei ficou surpreendido e ordenou ao médico que saisse do quarto. O médico obedeceu e o rei ficou sozinho com a velha. O rei aproximou-se da cama com um ar sério e depois disse-lhe num tom de voz grave: «Acorda, quero falar contigo. Acorda, depressa!». A mulher abriu os olhos e depois olhou fixamente para ele, depois exclamou com alívio: «Vossa majestade, já me sinto melhor, gostava de ter a honra de lhe dizer como me sinto grata, muito obrigada, muito obrigada! Você é um bom homem. Mas gostava de lhe dizer uma coisa muito importante para mim…». O rei ficou um pouco preocupado e depois perguntou-lhe o que é que ela lhe queria dizer, ela respondeu de seguida: «Eu tenho, aliás tinha, um filho que me ia visitar todos os meses e…desde que houve a guerra, ele nunca mais veio. Desde aquela guerra que nos causou tanta miséria, ele nunca mais veio. Eu acho que ele morreu, e estou sozinha, não tenho família, não tenho casa, não tenho dinheiro nem maneira de viver, mas queria ir procurar o meu filho!».

Continua...

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